Toda
leitura nos conduz a uma reflexão sobre nossa prática pedagógica e a nossa
visão a cerca da educação de antes e dos dias atuais.
Diante das principais ideias do texto "O Modelo
dos Modelos" de Calvino e relacionando com o trabalho no Atendimento Educacional
Especializado, percebe-se que no primeiro parágrafo, “Houve na vida
do senhor Palomar uma época em que sua regra era esta: primeiro, construir um
modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível”; [...]. Esse pensamento nos reflete a
história da Educação, a qual vem tentando buscar desde há muito tempo atrás a
busca pela perfeição eliminando o menos adequado. Vivemos em uma sociedade que
cobra de nós a perfeição, estamos sempre na busca de um modelo adequado ao que
queremos. Não basta sermos bons, temos de ser os melhores, tanto no mercado de
trabalho quanto na vida pessoal. Não há muito espaço para os erros na nossa
sociedade, somos cobrados para termos um corpo perfeito, um ótimo trabalho,
bons recursos financeiros, e quando nos deparamos com alguma deficiência à
cobrança é enorme. A pessoa com deficiência tem que superar todas as barreiras
o tempo todo, a maior parte de nossa sociedade acredita que as pessoas com
deficiência não são capazes de desenvolver-se como qualquer outra vendo só a
deficiência e não o ser humano com grande potencial.
Nesse momento o professor do AEE percebe que,
o que ele aprendeu não está de acordo com essa realidade e confrontam com o
modelo existente com novas ideias, estratégias, adaptações e conceitos,
concordando com esse sentido as últimas regras do Senhor Palomar eram “verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na
experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e
realidade coincidam”[...].
No trecho, [...] “saltava a seus olhos uma
paisagem humana em que a monstruosidade e os desastres não eram de todo
desaparecidos e as linhas do desenho surgiam deformadas e retorcidas” [...]. Percebe-se
uma nova visão de educação nos permitindo perceber que cada um é único,
complexo com uma forma de ver, aprender e ser, o que difere dos outros. Assim a
prática do AEE é a aceitação da diferença, o respeito mútuo a pauta em novos
modelos não impondo uma única forma de ensino, com o cuidado de estar sempre
aberto as novas mudanças que surgem no cotidiano, garantindo outras
possibilidades de aprendizagens com aberturas as novas teorias/práticas através
de experiências exitosas elementares.
O senhor Palomar deseja uma "variedade
de modelos, se possíveis transformáveis uns nos outros segundo um procedimento
combinatório, para encontrar aquele que se se adapta melhor a uma realidade" [...].
Comparo esse pensamento com a variedade de atividades e adaptação dos materiais
que são realizados com os alunos na tentativa da superação das dificuldades
dentro e fora da escola, e com a escola que necessita mudar, rever suas
práticas, contribuir com as transformações dos sistemas de ensino, valorizar
todos os alunos, aprender a conviver e promover o desenvolvimento das
particularidades de cada um.
“O
modelo dos modelos almejados por Palomar deverá servir para obter modelos
transparentes, [...] talvez até mesmo para dissolver os modelos ou até mesmo
dissolver-se a si próprio”, relaciono com a quebra do modelo, uma nova educação
surge com a luta pela garantia dos direitos da pessoa com deficiência na
sociedade, a obrigatoriedade da escola em receber todos os alunos sem distinção
oferecendo um ensino de qualidade, respeitando os ritmos de aprendizagem,
interesses, habilidades, dificuldades e com uma proposta de ensino voltada para
à libertação das formas opressoras,
estereotipadas e preconceituosas aceitando as diferenças de seus alunos
favorecendo a igualdade de oportunidades e acesso ao conhecimento.
O
trabalho do AEE é aquele que vê o quase impossível acontecer, acredita que
todos são capazes respeitando suas limitações, não vê a deficiência e sim o ser
humano com grande potencial, promove o avanço da aprendizagem dos alunos,
possibilita novos caminhos e contribui para a superação dos limites. Diante
disso o AEE é visto como o que “se depara face a face com a realidade mal
padronizável e não homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus “nãos”,
os seus “mas””.
Portanto como o senhor Palomar, o professor do
AEE busca novos modelos, como também estar aberto para a construção de uma
relação pedagógica produtiva, desafiando e experimentando novos conhecimentos,
planejando possibilidades de enriquecimento de habilidades, modificando a visão
que se tem da incapacidade.
Muito interessante sua reflexão, bastante relevante, amei!
ResponderExcluirGostei muito também de suas colocações, parabéns,sinto que precisamos nos espelhar sempre nos exemplos do Senhor Palomar.
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